Nova mudança no compulsório vai injetar recursos no BNDES

LEANDRA PERES O governo tem prontas novas alterações nos depósitos compulsórios, a parcela de recursos depositadas pelas instituições financeiras no BC (Banco Central), com o objetivo de reforçar a injeção de recursos no sistema bancário. Entre as medidas, está uma que auxiliará a captação de recursos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).Ontem à noite, a equipe econômica discutia os últimos detalhes com a intenção de anunciar as mudanças ainda hoje. Também estavam sendo finalizados ajustes pontuais em medidas que já estão em vigor, mas que precisam de alterações para terem maior efetividade.Segundo a Folha apurou, não devem ser impostas novas punições aos bancos. Mas não estão descartados incentivos para que os bancos grandes socorram instituições menores.Ao anunciar linha de capital de giro de R$ 10 bilhões que o BNDES daria a empresas de vários setores, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse, na semana passada, que uma das possíveis origens dessa verba poderia ser a emissão de papéis pelo banco estatal e liberação de compulsório aos compradores desses títulos.O governo tem usado a liberação dos recursos que os bancos têm que depositar no BC como forma de elevar a quantidade de dinheiro em circulação na economia e compensar o fim das linhas de crédito externas para os bancos brasileiros. Até agora já foram liberados R$ 56 bilhões em compulsórios, segundo dados do BC.A estratégia do governo começou com a liberação de recursos para bancos grandes que aceitassem comprar carteiras de crédito de instituições de menor porte. A demora na concretização desses negócios e a percepção no governo de que os grandes bancos ofereciam preços muito baixos por carteiras de boa qualidade levaram o BC a punir os bancos com perda de rentabilidade.Parte dos compulsórios sobre as captações de depósitos a prazo podia ser recolhida em títulos públicos, o que garantia aos bancos a correção do dinheiro pela taxa Selic. O BC mudou a regra e determinou que 70% do valor devido tem que ser pago em dinheiro, sem qualquer remuneração.O governo também vendeu dólares das reservas internacionais e fez empréstimos para que os bancos pudessem financiar as empresas exportadoras.Por fim, o Ministério da Fazenda determinou que Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal apressassem a compra de carteiras de bancos pequenos e fizessem empréstimos para setores específicos como construção civil e montadoras.A garantia de recursos adicionais ao BNDES, para repassá-los às empresas, é parte dessa estratégia.

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