Volta ao escritório: a pergunta não é quando e sim, o porquê?

Recentemente, este é um dos questionamentos que permeiam o ambiente corporativo com frequência, mas acredito que seja válido refletirmos sobre o porquê as empresas devem voltar aos escritórios.

Recentemente, este é um dos questionamentos que permeiam o ambiente corporativo com frequência, mas acredito que seja válido refletirmos sobre o porquê as empresas devem voltar aos escritórios. Com o surgimento da Covid-19, a rotina corporativa teve que se adaptar às pressas, a fim de evitar o contágio do vírus – o que resultou em um movimento inverso. Ou seja, ao invés de os colaboradores irem até o trabalho, o trabalho chegou à casa de cada um deles. No entanto, o movimento que parece ser novidade, tem reflexos de uma tendência antiga.

Há 20 anos, uma multinacional de Tecnologia chegou ao Brasil com um conceito conhecido como espaço de descompressão, no qual, além de contar com as ferramentas para o trabalho, o time também tinha momentos de relaxamento, jogos, creches e afins. Aqui, o intuito da marca com a iniciativa foi mostrar o seu poder ao mercado e fazer com que seus funcionários sintam-se em casa ao terem todas as suas principais necessidades atendidas. Ao misturar a vida profissional com a pessoal transformando o escritório em mais do que um lugar para trabalhar, identificamos o surgimento de uma sensação de pertencimento na equipe, e, consequentemente, um aumento de engajamento e produtividade.

Na prática, a iniciativa mostrou-se uma ruptura da cultura organizacional, que acabou sendo seguida por muitas outras companhias. Trazendo essa mentalidade ao contexto atual, vemos que esse formato de escritório trata-se de uma alternativa extremamente válida. Ao sermos praticamente obrigados a trabalhar à distância, vimos que com o auxílio da tecnologia, é possível. Além disso, se fizermos um cálculo, havia uma circulação média de 3.000 pessoas tentando chegar ao trabalho, levando em torno de duas a três horas no trânsito. Ao transformar essas horas em dias, temos de 18 dias a um mês perdidos em trajetos no período de um ano, fora a poluição ambiental.

Sim. O escritório tem um papel. Mas não é aquele em que os executivos sentam atrás de uma mesa para trabalhar. Acredito que esse seja um ótimo momento para retomarmos a configuração que a multinacional de Tecnologia deu a esse espaço de trabalho. Ou seja, um local para compartilhar momentos entre o time, insights, valores e propagar a cultura organizacional. Inclusive, já temos até um caso emblemático que segue essa linha. Uma grande empresa nacional do ramo financeiro anunciou home office permanente e a construção de uma nova sede em São Roque. Antes disso, a companhia mantinha seis andares em um edifício na Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo.

Indo de encontro a essas decisões, uma pesquisa realizada pela JLL registrou uma devolução de 122 mil metros quadrados em prédios classe A por empresas na capital, enquanto que a taxa de vacância de escritórios, que mede o volume de espaços vazios para locação, chegou a 19,4% no terceiro trimestre, acima dos 17,3% observados no trimestre anterior. Com isso, é possível enxergar o trabalho em si, sendo feito em casa. Indo de um a dois dias no escritório, em uma espécie de modelo híbrido. Portanto, ao invés de questionar-se sobre o período ideal do seu modelo de trabalho, pense com profundidade sobre a funcionalidade dele!

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